29 de setembro de 2009

AQUI, ENTRE NÓS: A MADEIRA.

O poeta não é um pássaro,
ele não está no mundo da lua,
não existe pedra no seu caminho.
O poeta não é um cão,
ele não é sensível,
não tem inspiração.
O poeta não é amigo do rei,
ele passará, como todos,
nunca serei.
O poeta não é gago,
ele não lambe a língua,
nem brinca com o verbo.
O poeta nunca uivou,
não escreveu na areia,
apenas serpenteou.
O poeta nunca ouviu estrelas,
ele não tem um mundo aparte,
nem nasceu das costelas.
O poeta não repete,
não economiza palavras,
ele já tomou sua Grapette.
O poeta não é de nenhuma
geração,
nunca tocou alaúde,
nem toca violão.
O poeta não sabe recitar,
não fala de improviso,
ele não sabe reclamar.
O poeta não versa livre,
não conhece o método,
confunde finta com drible.
O poeta não sabe acentuação,
nunca decorou a gramática,
não tem espaço para pontuação.
O poeta nunca foi brasileiro como
vocês,
prefere a Renault,
ele estragou suas dentições com
doces.
O poeta não possui estatutos do homem,
a rua dele não é diferente,
ele morre como qualquer homem.
O poeta não tem ideias brilhantes,
tão pouco é esquisito,
o seu caminho não é feito de
diamantes.
O poeta não é um fingidor,
conhece a excentricidade da
hipérbole,
e quando sangra, já gritou sua dor.
O poeta não é Poeta,
ele faz quando desfaz,
não sabe costurar, mas arremata.

Robson Corrêa de Araújo.

O blog do Robson tá linkado aí do lado, ou no:

http://punctumstudium.blogspot.com/

Um comentário:

Maeles Geisler disse...

aqui entre nós...
perfeito

Abraços
Maeles