28 de fevereiro de 2008

Tela de Quedo
Amigos,
O blog de Quedo com suas telas e escritos no:
Ou nos links aí do lado.
(Foto Cássio Amaral)
um poeta sem bar
é um poeta
sem lar

27 de fevereiro de 2008

HAI VAGANTES CÃES

vago a nau verga
perdido no mar
veleiros navegam devaneios


cachorros vagam na rua
o improviso diz na esquina
que latidos traduzem sentimentos



vagabundos iluminados contemplam
a lua desfarelada no céu
mel misturado com o gozo scarlate de uma estrela



canto um canto no canto
fico pasmo Hilda Hilst me acena
na lua prostituta bela no céu.

24 de fevereiro de 2008

LÍGIA RIBEIRO

Tela de Lígia Ribeiro





As telas de Lígia Ribeiro estão no blog dela linkado aí do lado, ou no:


CHARLES TÔRRES PEREIRA , CHAOTIX - 3 D



Trabalho de Charles Tôrres Pereira



Charles Tôrres Pereira, o homem da terceira dimensão está linkado aí do lado, ou no:

http://www.chaotix3d.blogspot.com/

18 de fevereiro de 2008

Ontem fui à casa de Ricardo Lima que é meu amigo e meu irmão.
Ele me apresentou aos pais e a uma amiga.
Foi bem legal e roubou a cena.
Me fez uma homenagem, escreveu pra mim um lance
que na hora não chorei de vergonha. Engasguei mas
na hora não chorei. Foi muito melhor que qualquer homenagem em grana, ou acadêmica.
Foi um presente de muita essência, de amigo, de irmão e de brother.
Não tem preço esse poema que ele fez pra mim:
Solene Bardo
(Homenagem a Cássio Amaral)
A claridade na arte escrita por seus versos
apresenta que não é pecado voar.
A lira desmedida que causa brilho às flores
mostra grandes motivos para sonhar.
Atreveu entregar o choro na face das ruínas
inconscientes que um dia foram exatas.
Abriu os olhos mais distantes com o
compasso pulsante da inspiração que tanto arrasa.
Tão cheio de luz ainda sólido e natural
habita nos litorais da história que se cumpriu.
Nos impulsos da estética conservada, arquitetou
o improvável misturando canção e carne.
Após o tempo perigoso, Cássio coloriu em lágrimas
as fontes úberes da sabedoria aguda.
Cúmplice assiste de camarote o miserável corte
que se espatifou numa avenida de pura chuva.
Além de mago das palavras, segue sacerdócio de sua
poesia no projetado sossego da loucura.
RICARDO LIMA
Araxá- fevereiro de 2008.

16 de fevereiro de 2008

Tela de William Blake

Afaguei estrelas mergulhadas em nuvens displicentes
O I CHING me reza direito que tenho de orar sempre meia noite
Incenso cósmico sobe tudo vagando em espirais que diz o imprevisto
Medito “Cabeças depois de serem cortadas ainda mexem e mordem a terra” Descartes lentes que catam cheiros, sabores ditam Discurso do Método. Maiêutica que pratico
na sala de aula diga todos dizem a situação Verdade não existe. Os óculos de Lennon no CCBB inundaram de lágrimas meu olhos de linces palito os dentes em Nietzche161 Os poetas não têm pudor com suas aventuras – eles as exploram eu eremito, só sozinho tiro a roupa apago a luz fumaça de incenso desfacelando segundos mortais a lua insana me lava granito de ponta de umbral 163 “O amor revela qualidades secretas daquele que ama- o que ele possui de raro, de expecional. É por isso que o amante engana facilmente naquilo que nele é regra. Correntes ensangüentam Dali num quadro que suspiro. Mastiguei o tempo e vou ficando mais novo,multiplico formas entre saber de milagres e discos voadores que vejo. Só sozinho sigo Zaratustra canta pra mim, con-verso com ele ele me diz que a caverna é momento de time para o pulo do gato. Faço figa, vejo o inominável e Além do Bem e do Mal distraio a música que bebo na safra quebrada do meu ser.

Cássio Amaral.

16/02/2008

23:01


Desconcertos na Paulista

Quem estiver em São Paulo hoje é uma opção e tanto, saquem aí:

Lasanha Hoje - Atomic Radio Sábado
"O Desconcertos na Paulista deste sábado convida três jovens autores que agitam e desconcertam o cenário da moderna literatura brasileira. Escrevem, sua escrita ágil, direta, contundente, de altíssimo nível; agitam, mixam, experimentam vários níveis, ousam com música, webdesign, cinema, dramaturgia, artes plásticas; além de participarem ou serem diretamente responsáveis por duas das melhores revistas online de literatura da atualidade: MURO e LASANHA." Claudinei Vieira.NICK FAREWELL, MAICKNUCLEAR, PAULO F. no DESCONCERTOS NA PAULISTA - A VOZ DA PROSASábado, dia 16 de fevereiro, 18:00,CASA DAS ROSAS
Espaço Haroldo de Campos de Poesia e LiteraturaAvenida Paulista, 37
(ao lado do metrô Brigadeiro)
www.revistalasanha.bravehost.com
http://onlineatomicradio.bravehost.com
_______________________________________________________________ MaicknucleaR www.valium5estrelas.blogspot.com www.ogivanews.wordpress.com maicknuclear@hotmail.com

15 de fevereiro de 2008


Tela de Don Van Vliet
o poeta enche a cara de sonhos disbaratinha a frígida morte displicente diante da vida mortal e procura o sobrenatural ele come luas diáfanas e propõe um som transcendental bebe e chapa a incapacidade de dar a cara a tapa dos comuns cai no inferno de saber que ser sincero é ser EXTRA TERRESTRE num mundo de tantos disfarces de tantos bailes de máscaras ser e sendo e transita na alma um canto um querer de vênus uma cintilante força de clio faz da história mola propulsora de civilidade e humanismo cai e cai e cai e ainda levanta e choca-se com o caos o diabo do caos que congela o espírito humano pala canto enxuga seu pranto uiva pra lua insana e busca a bruxa que com ele fará poções e os rituais que o tempo interrompeu suar poesia suar emoção suar amor e suar carinho suar emoção suar amor o poeta sem teta alfa ômega acende um incenso e vê o censo da elevação do pensamento subir e abrir a porta do cósmico

31/10/04.
Tela de Don Van Vliet

14 de fevereiro de 2008

PA
LAVRA PÁRIA
IN SULTANDO AS FA VELAS
CANTINELAS PRO
VINCIANAS
INCINERO AMOR FADO
CRENÇAS CERVANTEANAS
ABRO O GÁS OXIGÊNIO E MORRO
VI VENDOCAOTICAMENTE ABRO O VER
BO CANTO CEGO DE VIS
TASSALIVAS DE FRAG
MENTOS DE SABINO NO ENCONTRO
DES
MARCADO
SANGRA A CICATRIZ
DO RIO ÁGUA SALOBRA
QUANDO CELA
NÃO ABRIGA A IMPUNIDADE
DO AS
SASSINO DE APOENA MEIRELES
CRIME RIME IM
PUNE SODOMA GOMORRA SANTI
FIQUE.

13/10/2004.

13 de fevereiro de 2008

falácia parlante porre verbal no gramophone ou na praça graça de achar que Poe poesia em todo lugar além de encabular no oásis da vida fazendo Histórias atrás da lenda de que um cão é poeta ou um poeta é um cão lobo uivante que graceja a emoção diante do devanecente e amanhecente devaneio que o domina caca pecados per verso insiste em naufragar no delirante jogo de metonímias com sujeitos predicados e achados que bebe e compões sua obra mística louco lócus logo zen zerado zebrado pólen poema falado é ganhado e perdendo amando e sendo amado abandonando e sendo abandonado a história explica, só a História explica pontes de fatos e recortes no tempo pra mover juntar catar poeta tudo esporrando na cara de quem é manobrado ou falo comido por bruxa cigana que não quer se envolver poesia prazia para o pré vestibular da vida corroída ou sofisticada que construímos ler reler treler escrever fogo gogo faiscado no papel que nos leva nos incinera ou que nos faz fênix nuvens todos somos nuvens o incrível é que deus está dentro de nós como nós não acreditamos e não queremos estarmos dentro de deus um dente quebrado poeta pobre e com dente quebrado a solidão estancando um tesão que não cura a loucura tara por mulheres de vestidos sapatos altos saias e tarado por êxtase de sentir andar nas nuvens mesmo por milionésimo de segundo levitar além de qualquer realidade careta que me pegue insolitum momento de barbear e cortar a face cabelos pentelhos mulheres algumas fadinhas outras loucas umas candinhas e todas papadas papantes bacanas e bacantes vinho fado música e mulheres ganho ou perco no jogo romance um enlance um jogo pra dar um jogo pra comer um jogo pra tudo tudo é jogado um dente quebrado meu poeta pobre poesia morta viva dentro de mim vomitada e mijada por mim esporrada quando quero quando alucino e meto verbo e transgrido papel meu papelão de achar que sou pó-eta, sou pó, os poetas no pó mortos lembremos que somos um pozinho soprado devagarinho num corpo mente espírito alma corpo não estacione é proibido fumar!falar até não mais calar e aprender escrever um poema que dure quinhentos anos, só assim poderei dizer que o que quero ser quando crescer: POETA!!!

02/11/2004.


12 de fevereiro de 2008


lua crescente
tua estrela diz direção
fagulha pinta mandala
sede que madruga
lençóis que brigam
refugiam-se na claridade
da flor que brinca
fazendo a vida pulsar

10 de fevereiro de 2008

Um conto de Luciane Oliveira

Conto ficção

Estou demoradamente sentada na mesa desse café esperando para que dê tempo da sua cabeça loira ver meu braço comprido se espreguiçando debaixo da minha blusa de bolinha que tem aquele tipo de manga fofinha que você tanto gosta.
Se nunca conversamos, como eu sei que você gosta? Ah, sei sabendo. Outro dia eu conversava com um amigo, também aqui, nesse mesmo café, só que em outra mesa, com o propósito único e claro de te fazer ciúmes, mas nada adiantava. Você e seu temível aparelhinho de ouvir música, com pequenas e ridículas bolinhas pretas de som grudadas aos ouvidos. Eu bem que tentei falar muito, muito alto, aproveitando a ruideza absoluta que costuma reinar naquele horário. Seis e meia da tarde. Você tinha um grosso bloco de anotações nas mãos, e eu dava dois dedos da minha para saber o que você escrevia. Sim, por duas vezes eu vi seus olhos feiosos pousarem na fenda da minha saia. Estou gordinha. Mas minhas coxas de algum modo misterioso ainda te seduzem.

Nossos encontros casuais estão ficando cada vez mais freqüentes. Não sei se naquele dia no qual eu tentei te fazer ciúmes com meu amigo você ouviu a gente falando da genealogia da moral de Nietzsche. Talvez não goste de Nietzsche. Mas é que eu me sentia tão importante falando naquilo, e à medida que a cerveja artesanal e cara vendida naquele café proporcionava um estranho efeito de náusea no meu estômago, minha fala parecia ficar ainda mais cheia de cultura e lascívia. Meu amigo já deveria estar se perguntando o que diabos acontecera comigo, e você lá, escrevendo a tese do momento e ouvindo suas nojentas bolinas pretas de som. Pareciam grandes abelhas ferroando calmas a pele macia e íntima dos ouvidos. Amei suas orelhas. Pequenas de mais para um homem do seu tamanho. É. Ontem eu ajeitei os cabelos de modo a pensar que você fosse me olhar diferente. Mas não olhou. Como lembrei da primeira vez que nos vimos, e que eu estava com a blusa de bolinhas, resolvi vesti-la de novo hoje.

E hoje eu conversava sobre a forma com a qual homens e mulheres escrevem suas poesias. Minha companhia, Samantha, leitora cheia de vícios com mulheres do tipo Anaïs Nin ou Sylvia Plath, dizia-me que o homem escreve sobre, já a mulher escreve sendo. Mal pude terminar de ouvir essa frase, senti você segurando meu braço, com a ponta de dois dos seus dedos pequenos e robustos. Você tem uma leve penugem nas mãos:
- Me empresta o fogo?

Eu não resisti a uma piadinha.

- Só se você não devolver.

Daí o instante se prolongou. Cada bolinha da minha blusa começou a se agitar em estupefata comemoração, minha amiga de boca aberta, assistindo, a cinza do cigarro dela se avolumando na ponta, quase caindo, quase caindo, não acreditando na ousadia. O menino que nos serve café passou do seu lado feito uma bala, telefone para ele tocando no caixa. Ai, isso não podia ter acontecido. Foi nesse instante que a tentativa de complementação que faiscou em seus olhos encontrou o refúgio inútil e asfixiante da timidez. Você desistiu da investida que pensou em fazer. Ficou tudo como se tivesse sido apenas uma idiota b-r-i-n-c-a-d-e-i-r-i-n-h-a. Frustrante. Brincadeira que você fingiu não entender. Dois meses e 19 dias te observando, trocando olhares e sonhos nos meus travesseiros em chamas, pra no final das contas, você apenas levar embora o isqueiro consigo. Fiquei sem fogo, mas com a fogueira em mim ainda acesa.

Amanhã vou fingir que dormi na rua, e vou pro café, de novo, com a mesma blusa de bolinha. Meus pontinhos brancos ainda não se conformam com a derrota. Ah, comprei um aparelhinho de ouvir música também. Agora vamos poder disputar indiferenças. Mas ainda continuo sonhando com o flanco macio e suave da sua cabeleira loira e escura.

Os blogs da Luciane estão linkados aí do lado, ou nos endereços:

http://fionamiller.blogspot.com/

http://aresexteriores.blogspot.com/

8 de fevereiro de 2008

Z DA QUESTÃO

transformação ação de transpor montanhas asas distraídas sabem das portas e saídas
voam em liberdade além do que alguém possa captar ou entender meu VÔO DE LIBERDADE
asas distraídas sempre sabem das rotas e saídas coroar o imprevisto com olhos de lince
saber as batalhas e as fraudes além do improviso dançar a vitória e derrota ri e ri de si como se ri fosse e é o que há de melhor cagando os pecados ver o re-
verso digo e finco meu pau no cume do absurdo além de tudo sem ser visto como sou sei sou o i ching pode me absolver tao te king lao tsé sensei diz o que diz miss foi-se a foice é o crime do abandolerear a além há abandas bandas tocam bandejas o abandono não existe é antes grade da insegurança de quem vai falanges canibal rimam no sol lá é meu lar e refaço o traço do risco que arrisco fakir cortou coração de vênus no mar além do m.

5 de fevereiro de 2008


a chuva cai distraída
mergulhada na noite
que brinca com a imensidão
Cássio Amaral

2 de fevereiro de 2008

SEXTA-FEIRA 01/02/2008 NOITE DE MÚSICA E AMIGOS RAROS.
Ontem Tarcisio me ligou. Estava na reunião à noite na escola.
Me convidou pra ir para casa dele.
Acabou a reunião. Pedi pra Ivete, que é minha amiga, colega de trabalho e mãe pra me levar lá,
já que não tenho carro. Ok, Ivete me levou lá na Riviera do Lago.
Tarcísio nos espera na porta da casa. Vem com aquela alma generosa, nos cumprimenta
e nos convida a entrar. Ivete não pode ficar tem a casa cheia de convidados, os filhos e o esposo esperando.
Tarcisio me leva pra dentro e me apresenta seu amigo Ubiratã.
Eles estudaram juntos Engenharia Química em São Carlos.
Resumo: Show! Ubiratã (Bira) é gente fina pra caralho! Meu parceiro Tarcisio é
Illuminati, iluminado e Bira Também. Depois de umas e outras, de Los Hermanos,
Frank Zappa e Lenine. Noite inesquecível.Bira tocou umas músicas bem legais dele. E Tarcisio também cantou suas canções. Brothers pra lá de gente boa.
Copiei a letra que fiz com Tarcisio Moura na minha agenda. Ele musicou, é meio CAZUZA,
olhem aí:

Será que vem a chuva
Levando embora o verão
Será que o amor é certo
Depois da contramão?

Eu tento mas não entendo
Porque tem que ser assim
Se eu cheguei de pressa
Você não viu em mim

A cor, textura e o tato
Calor, amor , abraço
Loucura, te tira o sal do mar

O sol, revive na areia
E a nuvem profetiza a vontade
Que corre queimando as veias
Quem vai dizer que nunca amou

Na vida tão rara, tão farta
Sorriso de boca ingrata
Quem sabe e quem nunca errou?
Quem abre com espaço
Pro calor, amor, abraço?

Tarcisio Moura e Cássio Amaral

1 de fevereiro de 2008

Grande Hotel de Araxá
SENTIMENTO MINEIRO

Minas está aqui,
dentro e fora de mim,
com seu vasto galope,
corpo se fosse um fardo.

Minas está em mim,
anterior ao verso,
paisagem sem cavalo,
halo que me desfaz.

Minas está, enfim,
ao rente do meu dorso,
abismo que resiste,
lâmina do meu susto.

João Carlos Taveira

Do Livro: “A flauta em Construção”