29 de novembro de 2007


Tela de William Blake
Conheci o amigo virtual Silvio Côrtes recentemente, cara gente fina e bacana.
Vocês podem sacar o blog dele aí nos links ao lado.
Um poema dele aí embaixo:
A ÁGUA QUE PODE MUDAR NOSSAS VIDAS
Os pensamentos soltos cobrem o livro,
A água que jorra do passado é limpa e pode mudar nossas vidas,
Compomos músicas novas para pessoas velhas,
Escrevemos outros contos sobre morte e sobre traição,
O som que invade nossos ouvidos é seco e sem amor,
É um eco de vida-suja que corre além da dor,
Cria um vácuo de inferno numa doença que se multiplica,
E ouve a guitarra rápida de um Vay que inda se vai,
Mas ela grita na altura dos sonhos,
Uma vida que se perde sem demora,
Nem em Sodoma ou Gomorra,
Nem pra alguém que de alegria morra,
Corre um alto fluxo de risos sem inspiração,
Que descem do negreiro
Criam em nossos sentimentos barreiras para a solução,
Apenas uma palavra sem sentido,
Um texto sem perspectiva,
Uma caixa de tristeza e perdição,
Um alguém que corre por cima do mar,
É só um homem e mais nada,
Que anda em direção ao tempo,
Que toca uma guitarra insana,
E beija a boca da escuridão!

27 de novembro de 2007

ZAUNS TARADÓIDES

I

bocas batem asas

para o juízo final

caio no seu umbigo

tudo molhado.

ela abre as pernas

e acaricia o coração do pênis

taichichuan de corpos desvairados

vai e vem...

um surto surta no cama sutra

chamando tântrico um oração

a sua rosa me morde

sem piedade.


II

bocas voam no delírio

você abre as pernas

e massageia o coração do pênis

ritmo, gula e química

som transgressor

que dá um tom à vida

flor carnívora

que come o talo sem perdão

e sente o prazer

massagear o êxtase.

Cássio Amaral

(Poemas do meu quarto livro intitulado Sonnen que é a reunião dos meus blogs:
CÃO DANADO I, CÃO DANADO II e Sonnen que vou publicar em PDF na net em breve)

25 de novembro de 2007


ZAÚM TARADÓIDE III

A sua flor comendo meu falo
Vulva volúpia vulcão
Oração que oro e consagro
Pele rele febre
Mel melado massagem
Incenso gula lua vinho
Flor que afago e me ataca
Propondo derreter a madrugada
Desejo que desperta
Velas ritual química alquimia
Pompoarismo prazer magia
Desabrochar de êxtase
Despertando o prazer
Que o amor absolve
No OOOM MMM que o corpo sente.

Cássio Amaral
17/02/2006.
LATIDOS ERÓTICOS



1

sou um tarado
com- penetrado
na entrada de sua
misteriosa saia.


2

gagolejo
chupetinha
do desejo.

3

a sua calcinha
é a alcinha
do prazer.

4

tiro sua roupa
na sua cama
minha intimidade
na sua chama.

22 de novembro de 2007

NOS UIVOS DISPLICENTES DE UBERLÂNDIA


Estive em Uberlândia no último feriado do dia 15. Encontrei os amigos a Eliane Ota, Santinho batera,sua esposa Gabi, Ariane e meus dois amigos de longa data: Wellington Telly e Wilson Sérgio. Fiquei na casa de Wellington Telly(Dj Telly) .
E rolou um lero-lero que gravei no meu celular sobre artes plásticas, ele é artista plástico e foi Dj em algumas boates.
Depois vou publicar aqui o lero-lero. Saquem as fotos da passagem por lá.
Pena que não deu pra tirar fotos com a Eliane, Santinho, Gabi, Ariane e Wilson.
Agradeço a todos. Agradeço a esposa de Wellington também, a Débora e sua filha Yasmim por toda generosidade e hospitalidade.

Lero-lero com Dj Telly



Dj Telly e Cássio falando sobre Artes Plásticas







Tela de Wellington Telly

Meu estado zen Lunático



21 de novembro de 2007

INSIPIÊNCIA
Para o mendigo que escrevia uma poesia em janeiro no Rio de Janeiro


A contra mão do dia certo é a tarde que urra
Tempo inútil e inexistente
Rasgo do infinito camuflado de pilhérias
Passamos todos passantes da última hora
Cinza no sangue da humanidade
Passamos todos como filmes felizes ou escatológicos
Grito do óleo que fica no asfalto
Num átimo tudo se reduz, como num umbral
Elementos de capas carnívoras pulsantes
Passamos perto da Caixa Econômica
O mendigo tem bosta presa ao cu
Dorme na pilastra, mas tem uma caneta
O mendigo tem um brilho diferente no olhar
Que Nietzsche chamaria de “temor do instinto que poderia
conhecer a verdade”
O mendigo é magro,mas resiste e insiste
O mendigo caga na pilastra cogumelos dionisíacos
embalados com pasta de quixote na veia de homens que quebram a dicotomia da certeza
O mendigo não precisa de panótico como disse Michel Foucault
O mendigo tem um pau calejado de dizeres raros
no brincar de imagens fantasiosas
O mendigo dorme debaixo da pilastra mas não se vende a mesmice
O mendigo é um filósofo que Sartre poderia conhecer
O mendigo não se vende, não é comprável
O mendigo come os restos da chamada classe dominante
O mendigo vê as estrelas gritarem furacões e canções
O mendigo é um homem sábio que entende o universo
O mendigo caga poesia com cheiro de imprecação e guerrilha
O mendigo tem uma caneta apenas
Uma caneta que o define como um bárbaro, um artilheiro
A exposição dos móbiles de Alexander Calder está ali no Paço Imperial
E o mendigo sorri feito um menino maroto com uma caneta
O papel é o navio que ele transborda em fígado no mar revolto
O mendigo sabe que o tempo não existe e que a poesia é o farelo
que suplanta os covardes num átimo chamado vida.

Cássio Amaral
20/11/2007.

20 de novembro de 2007

DOMINE O “GA”


Na vida cotidiana do homem, não há coisa mais temível que o “ga” (eu, ego). Isso pode ser bem compreendido se atentarmos pelo fato que no mundo espiritual a eliminação do “ga” é considerada o aprimoramento fundamental.
Quando eu era da Igreja Omoto(20), encotrei no “Ofudesaki” (21), as seguintes frases: “Não há coisa mais temível que o ga; até dinvindades cometeram erros por causa dele”. E támbém: “Devem ter “ga” e não devem ter “ga”; é bom que o tenham, mas não o manifeste”. Fiquei profundamente impressionado, pela perfeita explicação da verdadeira natureza do “ga” em frases tão simples. É escusado dizer que elas me induziram a uma profunda reflexão.
Havia, ainda esta frase: “Em primeiro lugar, a docilidade.” Achei-a extraordinária. Isto porque, até hoje, para aqueles que seguiram docilmente os meus conselhos, tudo correu bem, sem fracassos. Há pessoas que não são bem sucedidas por terem um “ga” muito forte. É realmente penoso ver os constantes fracassos decorrentes do “ga”.
Como foi exposto, o princípio da fé é não manifestar o “ga”, ser dócil e não mentir.

Meishu-Sama, 18 de fevereiro de 1950

(20)- Religião nova, fundada por Não Deguti

(21) – Ensinamentos escritos pela fundadora.

12 de novembro de 2007

As capas novas que Luciana Amaral Miranda de Carvalho fez para meus livros pretéritos, onde eu assinava Cássio Marcos Amaral


nuvens disparam aliterações
Hendrix diz estilhaços
na verve dos labirintos alienígenas.
(Haicai inédito de um livro Sem Nome)
P.s. Apartir de 2005 passei assinar só Cássio Amaral.


PALAVRA
Solta Clara
Falada Calada
Dita Suspirada
Disparada.
(Do livro Estrelas Cadentes - 2003).
MALDITOS
Malditos! Malditos!
Poetas são como os bruxos em busca da poção mágica
Vivem da noite e morrem nos dias
Numa existência mal interpretada.
A essência dipersada na realidade
Vistos como bêbados na vaidade
A demência de sentir, de ser
Não ligando se existe o verme marciano do dinheiro.
Contemplam o luar
Como quem contempla uma ponte no espaço
Destroem o aço da escuridão
E não praticam a escravidão do poder.
Do livro Lua Insana Sol Demente - 2001

11 de novembro de 2007

Um poema do meu segundo livro Estrelas Cadentes de 2003

Capa nova feita por Luciana Amaral Miranda de Carvalho


CONJUGAÇÃO ATUAL
Eu poetizo
Tu proliferas entre as feras
Ele a maltrata todo dia
Ela o ama por descuido
Nós julgamos o próximo sem direito
Vós imitais o que é ruim
Eles crucificam a si mesmos
(P.s.: Nós primeiros livros assinava meu nome todo Cássio Marcos Amaral, em 2005 passei assinar só Cássio Amaral).

10 de novembro de 2007

MÁSCARAS

Capa de Luciana Amaral Miranda de Carvalho
Demência na embriaguez da essência
Loucura da doçura
De não entender, não ter,não ser
Corda bamba da ironia.
Cada um vivendo seu personagem
Pessoas frias e sem coragem
Presas na escuridão do regresso, a escravidão
Pássaros voam longe, a evolução.
A alegria e a tristeza
O teatro rápido no palco da vida
Cada um com sua máscara
Fingindo existir.
(Cássio Amaral, do meu primeiro livro Lua Insana Sol Demente - 2001)

6 de novembro de 2007

CENA DO ROCK BRASIL




Quatro estudantes da Faculdade de Arquitetura da UFRGS - Humberto Gessinger (vocal e guitarra), Carlos Maltz (bateria), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Stein (guitarra) - resolveram formar uma banda apenas para uma apresentação em um festival da faculdade, que aconteceria por protesto à paralisação de aulas. Escolheram o nome Engenheiros do Hawaii para satirizar os estudantes de engenharia que andavam com bermudas de surfista, com quem tinham uma certa rixa.
Começaram a surgir propostas para novos shows e, após, algumas apresentações em palcos alternativos de Porto Alegre juntamente com uma série de shows pelo interior do Rio Grande do Sul. A banda em menos de quatro meses de carreira já consegue gravar duas músicas na coletânea Rock Grande do Sul (1985) com diversas bandas gaúchas em razão de uma das bandas vencedoras do concurso audicionador à coletânea ter desistido da participação do álbum na última hora.
Carlos Stein desiste do grupo e, tempos depois, passa a integrar a banda Nenhum de Nós. Meses passaram, e os Engenheiros do Hawaii gravam o seu primeiro álbum: Longe demais das capitais, em 1986. O norte musical do disco apontava para um som voltado à música pop, muito próximo ao ska de bandas como o The Police e o Paralamas do Sucesso. Destacam-se as canções Toda forma de poder, Segurança e Sopa de Letrinhas.
Antes de começarem as gravações do segundo disco, Marcelo Pitz deixa a banda por motivos pessoais. Com Gessinger assumindo o baixo, entra o guitarrista Augusto Licks, que havia trabalhado com Nei Lisboa, conhecido músico gaúcho.
Os Engenheiros lançam o disco A Revolta dos Dândis, em 1987. A banda muda o direcionamento temático, iniciando uma trilogia baseada no rock progressivo, com discos com repetições de temas gráficos e musicais e letras em que ocorre a auto-citação. Os arranjos musicais são influenciados pelo rock dos anos 60, as letras são críticas, com ocorrência de várias antíteses e paradoxos e aparecem citações literárias de filósofos, como Camus e Sartre. Destaque para Infinita Highway, Terra de Gigantes, Refrão de Bolero e a faixa título, dividida em duas partes. Começam os shows para grandes platéias nos centros urbanos do país, como o festival Alternativa Nativa, realizado entre 14 e 17 de junho de 1987. A partir desta data, os Engenheiros encheriam ginásios e estádios pelo Brasil afora.
O primeiro disco que comprei foi Longe Demais das capitais, ainda o tenho.
Mas dos anos oitenta pra cá o Rock Brasileiro caiu muito, quer pelo contexto histórico,
quer pela falta de qualidade nas bandas.
Nos últimos tempos podemos citar quem? Chico Science e a Nação Zumbi,mais atualmente
Los Hermanos, Cachorro Grande, Cordel do Fogo Encantado, Mombojó, Teatro
Mágico, em Uberlândia tem uma banda bacana chamada Porcas Borboletas.
Mas os tempos são outros.
Sou filho da geração coca-cola, já ví muitos shows ao vivos das bandas anos 80.
Mas hoje parece que a coisa vai para o revival, o comércio.
Hoje vejo Dinho Ouro Preto do Capital Inicial parecendo um moleque no palco, e cadê
a produção, cadê o trabalho digno do primeiro disco. Morreu? Ou virou só comercial mesmo?
Não acredito em revivais, não acredito no cara do The Cult tocando no The Dors e...
Putz, mudaram até o nome do Doors, não acredito em Zélia Duncan substituindo a Rita Lee
nos Mutantes. A turnê dos Paralamas e o Titãs pra comemorar 25 anos de bandas agora.
Titãs perdeu muito quando Arnaldo Antunes saiu e depois Nando Reis.
Uma amiga minha de São Paulo foi no show e falou que é legal,mas não é mesma química.
Sabe, aquela frase: " O original nunca se desoriginaliza". E vejo que a coisa degringolou mesmo.
Detonautas, Cpm 53, 23, uma série de coisas que pra indústria fonográfica faz sentido,
porque a indústria fonográfica só quer $, como as editoras.
Bom, eu gosto de Barão Vermelho hoje, as bandas que sobraram já estão acabando. O IRA já está extinto, A Plebe Rude voltou,uma das bandas mais politizadas dos anos 80.
"Nunca fomos tão brasileiros" numa das músicas da Plebe Rude.
Estou saindo dos Engenheiros, que é o que quero falar.
Vamos lá, caiu também, a química rolava mesmo com Humberto Gessinger, Carlos Maltz e Augusto Licks. Esse novo acústico numa boa tem até letras legais e reeleituras de músicas que estouraram,mas não supera o primeiro acústico dos Engenheiros do Hawaii- FILMES DE GUERRA, CANÇÕES DE AMOR gravado em julho de 93 na sala Cecília Meirelles no Rio pelo Mayrton Bahia.
E numa boa hoje os Engenheiros é Gessinger e outros contratados.
Música é química e energia. Pink Floyd ficou muitos anos sem tocar, quando os quatro se juntaram foi uma energia ampliada.
Por isso, repito: O original nunca se desoriginaliza.
E numa boa, acho a música a maior das artes, caí nos versos porque não aprendi a tocar violão.
Música é amplidão, algo que já é uma viajem.
Uma música dos Engenheiros aí do disco Filmes de Guerra, Canções de Amor que gosto, tem uma gaita legal e a letra é interessante.
Saquem a letra aí:
Quanto Vale A Vida?

quanto vale a vida de qualquer um de nós?
?quanto vale a vida em qualquer situação?
?quanto valia a vida perdida sem razão?
?num beco sem saída, quando vale a vida?
são segredos que a gente não conta contas que a gente não faz quem souber quanto vale, fale em alto e bom som
?quantas vidas vale o tesouro nacional?
?quantas vidas cabem na foto do jornal?
?às sete da manhã, quanto vale a vida
depois da meia-noite, antes de abrir o sinal
?são segredos que a gente não conta(faz de conta que não quer nem saber)
quem souber, fale agora ou cale-se para sempre
?quanto vale a vida acima de qualquer suspeita?
?quanto vale a vida debaixo dos viadutos?
?quanto vale a vida perto do fim do mês?
?quanto vale a vida longe de quem nos faz viver
?são segredos que a gente não conta
contas que a gente não faz
coisas que o dinheiro não compra
perguntas que a gente não faz:
?quanto vale a vida?
nas garras da águia nas asas da pomba
em poucas palavras
no silêncio total no olho do furacão na ilha da fantasia
?quanto vale a vida?
?quanto vale a vida na última cena
quando todo mundo pode ser herói?
?quanto vale a vida quando vale a pena?
?quanto vale quando dói
?são coisas que o dinheiro não compra
perguntas que a gente não faz:
?quanto vale a vida?

2 de novembro de 2007


Aufklärung



A mãe batia no filho antes de ir pra escola.
O filho ficou nervoso e agressivo.
Na televisão passava o comercial do filme Tropa de Elite.
O filho gostava de lutas e Power Ragers.
Um dia o avô entrou no quarto e perguntou ao neto:
_André, o que você vai ser quando crescer?
O neto respondeu:
_Traficante vô! Porque vou ganhar dinheiro junto com a polícia.


Aufklãrung: É a saída de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado.
A menoridade é incapaz de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo
(Immanuel Kant)