28 de maio de 2011

Agora todo mundo é poeta! Ocê acha que é?


"Os poetas não têm pudor para com suas aventuras - eles as exploram"
NIETZSCHE




Flor não rima com amor
Muito menos paixão com coração
Beletrismo não é helenismo...

Rasgar  é transar palavras
Pó não rima com só
Muito menos Academia com Poesia.

Forma é conteúdo
O doce não é só poema
Paradoxo nem sempre quebra paradigma

Paranóia nem sempre é Piva
Uísque nem sempre é Leminski
Pato nem sempre é Torquato...

Baby, baby, baby
O parto alucina o destrato
O doce não vem do barato

O cacau da Suíça
Vem da Bahia
E poesia não rima  com linguíça

O mundo acha que é poeta
Mais pra isso acontecer
Tem que ser um sapato torto?
Ou apenas  pateta?

24 de maio de 2011

Da ponte pencil


As reticências deslocam do vazio
para o sombrear dos ecos do tempo.
O hiato criativo não pare versos canônicos.
A sociedade é só além de idade.
Um por um além de um somos todos.
A dicção do tema é Educação.
Mas prosa e romance falam além
das minúsculas falácias que o dedo
do autor quer contextualizar.
Não coloquei vírgula em cima,
nem quero coloca-la embaixo.
Debaixo da lagoa há siri,
tentei pescar um peixe outro dia,
mas o barro dominou o silêncio
sem fisgar o robalo, ou tainha,
ou qualquer outro peixe daqui
do litoral de Santa Catarina.
Verde incorpora um casal de pombos
que ainda renunciam ao título de poetas.
Sim, a água dá margem de vida.
O tempo é água dos séculos.
A água é oceano do corpo.
Líquido transcendo átimo
nos átomos que nos desaguam.

21 de maio de 2011

É aquela coisa

( Meu amigo Tonhão maratonista aqui de Barra Velha treinando)

Corremos atrás do tempo?
Ou o tempo corre atrás de nós?
Vinte e quatro horas agora são dezesseis horas?
O relógio marca o tempo?
Ou o tempo marca os relógios?
Time tempo tiene uma força dos acontecimentos?
O que há de tempo na verdade?
A verdade tem tempo?
As palavras têm tempo?
O bom escritor não curte o tempo?
Ou o tempo não curte o bom escritor?
O ego também tem tempo?
Egozinho ou egozão é gozação
pós tempo?
Contexto é texto no com
do tempo de amanho
da precisão da lucidez
do cerne que um bom tiro
dá nas palavras?
Vamos correr atrás do lúdico?
Sol ainda raia atrás da ponte
do imprevisto.

16 de maio de 2011

Descompasso no passo do Lui além vates....

o h não faz onda com o destino
bh on the road meu cerrado
meu umbigo fratura exposta
metal contra as nuvens
meus camaradas me esperavam no maleta
isaias de faria wellington cadetral rock and
roll neon under ground as faixas não enquadram
o poema nada enquadra o poeta
ricardo wagner encontrou um casal legal no
mercado central tombo do tempo que diz
carona que adriano amaral nos deus para
o bar do
joão da viola sarau que incendiou até altas
horas o sol queima algazarra de um tempo
bom que a vida engola em museu de grandes novidades
meus amigos estão na telepatia:
rafael nolli, flavio offer, kedo,
ricardo lima, jorge vicente,
carlinhos, tarcísio, ivana,
maicknuclear, ricardo lima,
bebeto cica's etc e outros mais
pedal zen noir crise financeira o fio da meada é verve que
não pára aprendi com robson que fotografia é também
filosofia que a caixa preta apresenta
o palácio das artes também foi escrita com luz
isaias de faria também me ensina
foto
foto
grafe
grafia
enquanto lembro do sol que
é minha praia
em Urubici faz
-2º C o frio não alimenta a arte?

15 de maio de 2011

Além onírico


frio brinda desafio
 chuva  transcende
mar engolindo séculos

13 de maio de 2011

UMA ÂNCORA ALÉM ISMO

Foto: Robson Corrêa de Araújo


arranco flores no asfalto




ode à Dante Alighieri



par do tempo que furo no espaço



um brinde no olhar



do universo



o buraco negro escancara



o dito e feito o fido dito



Pink Floyd desmorona muro



que a gargalhada da noite



desfaz num risco



areia da ampulheta



quebra o nó do tempo



paradoxo é luxo



que UP FULL



de um golpe bate



no peito do paradigma



a janela é secreta



mas hoje ela é indiscreta


abra o site das estrelas



porque a lua urra



as nossas imperfeições



muito além do sal



que navego nesse mar.


11/05/2011

NÃO HÁ TÍTULO PARA AS RETICÊNCIAS


Foto: Isaias de Faria

os poetas estão mortos


a poesia está morta

o governo está morto

a educação está morta

a saúde está morta

a reforma agrária está morta

a reforma tributária está morta

vou chamar Cunhambebe

urrar o grito dos Tamoios

Antônio Torres empresta a flexa

e atiro nessa corja de vagabundos

que não sabem o que é coração

que não sabem o que é humanismo

que não sabem o que é fraternidade

a única saída é uma política de paz mundial

incondicional

já que nossas guerras são mais internas mesmo...

abra a boca do absurdo

e mergulhe nessa Bobalização

chamada realidade

Carlos Drummond de Andrade

tinha razão:

"Vivemos num mundo que é um

teatro de horrores".

Henry David Thoreau

mostra o lago e

amplio a filosofia do pão

que faço soziho na verve

da arte que nasce

nas nuvens...

Sim, navegar é possível

Somos todos vassalos

Sim, a poesia ainda renasce

feito uma múmia que nos abraça

para fotografarmos a verve

no desenrolar da História.




10/05/2011

10 de maio de 2011

Mande telepatia por inteiro

Sem parabólica use a glândula pineal

Meus amigos conhecem este lugar

A chegada da frente fria não pára o pôr do sol...


Foto: Maeles Geisler

Detesto o cinza que o céu desenhou hoje. O sol é meu guia.

peixe morre pela boca homem morre pela boca poema morre pela boca
arte morre pela boca filosofia morre pela boca
  a boca é o princípio de tudo:
sorriso
beijo
chupada
risco de falar é Sartre  as "PALAVRAS"
gritam num pisco além do risco brinco
vitrais  latejam  cordas vocais
para alimentar proa profissão de febre
é nuvem que desfaz
quando arremesso um arpão
no sal AMARAL
Essa rima boba é repente
que desmente o cinza
que agora o mar não pode pintar

8 de maio de 2011

CORPOS SANTOS


Olhos desfolham cama
Ato reluzente
Falo

SANTOS CORPOS


ato de luz
olhos rasgam êxtase
cama desfolha falo

6 de maio de 2011

8 perguntas construtivasdesconstrutivas para Cássio Amaral


Eu lendo um poema do meu livro Sonnen.
Filtro do fotoscape em cima de uma foto minha  feita
por Isaias de Faria.
Não lembro se a foto é de Ricardo Lima ou Flávio Offer,
 no lançamento do meu livro Sonnen
em abril  de 2009 em Araxá-MG.

Isaias de Faria me entrevistou,

o resultado do nosso lero-lero

está no blog dele:

5 de maio de 2011

Pôr do sol


abro a luz da alma risco o  phósforo além mar
poesia é fotografia diáfana nas nuvens vermelhas
que esporram  entardecer




muito além de palavras 
é um barco que nos leva
além.

4 de maio de 2011

Sou apenas nuvem passageira que com o vento se vai...


1-Desconstruo-me para que amanhã eu seja apenas nuvem.
2-A palavra é sagrada para o escritor.
3-Sou adestrador de nuvens escarlates embevecidas em absinto de Baudelaire.
4-  A nuvem de Rimbaud sopra nas nossas almas.
5- O silêncio rabisca a nuvem de Bashô.

2 de maio de 2011

Lero-lero com Bárbara Lia



1- A Poesia num mundo tão caótico ainda consegue ter sentido?

A Poesia está na essência do Todo. Quando o mundo ruir, vai restar a Poesia. Não existe mundo sem Poesia. Se ela for entendida como substrato da Beleza e Portadora de Mistérios. Nunca vai morrer Deus (o Verdadeiro), o Amor, a Poesia e otras cositas más. Ainda que alguns não creiam nem em Deus, nem no Amor e nem na Poesia... Os reveladores da Poesia vivem este drama na busca de comunicar algo que não encontra lugar na superfície das coisas. O poeta foi, é e sempre será um corpo estranho no mundo. Se pensarmos bem, este mundo nasceu do Caos e segue mergulhado no Caos, ad infinitum. A Poesia é o sentido de quem rasga a cortina do efêmero, ou mergulha um pouco mais fundo e não se conforma com as águas ralas. Sempre pensei os poetas como traficantes de Beleza, só que transitamos por galerias submersas e ninguém nos vê.


2- Seu livro Solidão Calcinada obteve o prêmio da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná. Fale um pouco dele.

O Romance foi finalista do Prêmio Nacional SESC Literatura 2005. Buscava um editor para o livro e antes das editoras procurei a SEEC/PR que publica autores paranaenses. O Conselho Editorial aprovou a publicação e meu primeiro romance foi lançado em 2008. Considero um prêmio por passar pelo rígido crivo do Conselho Editorial.

O livro Solidão Calcinada é narrado por quatro mulheres de uma mesma família: Pietra, Esperança, Serena e Bárbara. Pietra - a bisavó de Bárbara - em 1910 passeia por Paquetá meio a arroubos juvenis e sonhos shakespearianos de amor eterno, quando a vida real cai sobre os ombros, seu rosto se torna como seu nome – pura pedra. A bisneta Bárbara transita longe destes sonhos antigos. Uma jornalista, filha de ex-militantes da esquerda, a mãe (Serena) foi morta pelo regime militar que dominou o País nos anos 60/70 e Bárbara foi criada pela avó Esperança. Bárbara inicia – sem saber - uma jornada em busca do passado a partir da resenha do livro de um poeta – Pablo Arrabal. Nesta jornada ela apresenta as mulheres da família.

Conforme o título, o tema do livro é a velha e conhecida amiga - a Solidão.


3- Num de seus poemas do seu livro “Tem um pássaro cantando dentro de mim” diz:


Pensei: Vou morar em uma lágrima.

E vi cenários de Kandinski atrás da cristalina dor.

Vi os retorcidos rostos detrás dos espelhos d’água.

Vi uma casa-banheira, eu sempre líquida.

Vi o teto vidro fosco, eu a olhar as estrelas.

E quando secar a minha casa?

E como secar meu coração?


É possível secar o coração de um poeta?

Sim. Poetas são pessoas. A poesia pode morrer dentro de qualquer pessoa, não morre ao redor da pessoa. Quem sabe os poetas suicidas são os que vivenciaram esta secura da fonte, desengano amplo e total?

Enquanto a Poesia vibra dentro e fora, vamos – adelante.

Cá entre nós, as poesias não são narrativas do nosso cotidiano como muitos pensam. São fragmentos misteriosos que construímos. Não exatamente reprodução literal de nossos dramas. A poeta se imagina – neste poema – dentro de uma lágrima. As lágrimas secam. Não seca o coração. Ainda bem! Sigo amando os improváveis e os impossíveis, talvez nisto resida o encanto da minha vida. Tem gente que acha que não. Eu acho o máximo viver o limite de tudo, penetrar corpos e casas que nunca pensei alcançar. Amar os homens que – ainda que não mencione – cabem exatamente dentro de um itinerário de Poesia inenarrável. Experiências humanas que constroem uma Mulher. Experiências que ajudam a amadurecer, com o tempo, o olhar sobre o outro e sobre o amor.

É possível secar o coração de um poeta?

Sim, posto que tudo é possível.

E até para não secar meu coração, eu me agarro a esta certeza – Tudo é Possível.


4- Rimbaud ou Baudelaire? Por quê?

Não posso escolher entre dois Poetas. Os Poetas todos têm uma significância e os que deixaram o registro de sua obra, significam muito mais. O que posso dizer é que me concentrei mais em Rimbaud. Um espanto / encanto com Rimbaud. Comecei a escrever bem tarde, embora desde menina rabiscasse o que eu acreditava ser um experimento de algo que me atraia, mas, para o qual não abri as portas. Por várias razões que não dá para enumerar aqui, para isto eu teria que escrever minha biografia, eu arquivei em um recanto da alma - a poeta. Dentro de uma metafísica gaveta. Não era a obra na gaveta. Era a autora. Quando saí da gaveta e comecei a escrever eu não era mais aquela menina de dezoito anos que pensava ser romancista. Rimbaud é isto para mim. O menino que foi o que eu não fui. Quando escrevi as poesias a Rimbaud lembrei detalhes que nos uniam. Demorar até a adolescência para conhecer o mar. Amar os impossíveis. Viver estes impossíveis amores. A coragem. O vôo. O passo em direção ao que sua alma ansiava. Admiro Rimbaud, este mito.

5- Você lançou o livro Constelação de Ossos no dia 26 de setembro
do ano passado, um dia depois do meu aniversário em Belo Horizonte.
O que você aborda nesse livro e qual a importância desse lançamento em Minas?

Constelação de Ossos é narrado em primeira pessoa por uma cantora de bar e garota de programa. No primeiro capítulo ela é a menina que narra a morte da mãe; no último ela narra sua própria morte. Neste interstício ela conhece a violência doméstica quando é estuprada pelo filho da madrasta, a vida nas ruas, quando foge da casa onde vivia com o estuprador. O socorro do amigo Raul que a apresenta ao dono de um bar e ela se torna garota de programa, cantora na noite. O roteiro é triste, mas, a prosa poética ameniza o drama. Constelação de Ossos nasceu de uma frase que surgiu em uma manhã:


Sonhei com o anjo d’água.

Pensei na frase o dia todo com a certeza que escreveria uma poesia e nasceu uma mulher com o nome da constelação mais apagada da carta celeste – Lynx.

Lancei o livro em Minas, por puro desejo de voltar a Minas. Eu amo Minas, por isto no meu poema – Toquei seu berço silencioso – eu cantei meu amor a Minas. Citei você e o Leonardo Paiva de Pedralva...


Dois poetas meninos

vestidos de pedras e haicais


6- O que tem lido atualmente e quais seus planos para futuras publicações?


Atualmente estou lendo – Fernando Pessoa. Estou em estado de graça entre Caeiro e Ricardo Reis. Fernando Pessoa viveu menos de meio século e me pergunto: Como ele conseguiu escrever tanto? A Obra de Fernando Pessoa é Infinita. Tantos heterônimos e cada um deles escreveu uma infinidade de Poesias. Fernando Pessoa escreveu a vida toda, eu penso. Acredito que ele nada fez na vida além de escrever. E navegar por este mar/Pessoa é uma viagem única.


Este ano é o ano da Poesia. Por isto, para 2011, a próxima publicação é do livro “A flor dentro da árvore” poesias cujos títulos são versos de Emily DIckinson. Algumas poesias deste livro foram premiadas no Prêmio Ufes de Literatura. O prefácio é do poeta gaúcho Sidnei Schneider. A flor dentro da árvore já está desabrochando.

No próximo ano tenho planos de publicar um romance. E assim La nave va, entre a prosa e a poesia.


7- Bárbara Lia em poucas palavras.


Quando era menina descobri que o significado de Bárbara Lia é - Estrangeira de olhos tristes e cansados. Faz sentido. Sempre convivi com esta sensação de não-lugar. Quando não sou íntima das pessoas eu me encolho, quando me sinto à vontade eu me mostro. Só meus amigos reais e o povo aqui de casa conhece a verdadeira Bárbara. A palavra que mais ouvi pela vida – Como você é doce. Espero que a vida não tenha amargurado este meu lado de doçura. Viver é foda!

Dizem que sou poeta e eu, loucamente, acredito.

Resumo da ópera – A Mulher está acima da Poeta e da Mãe. Sou, sobretudo, Mulher.


“Toquei seu berço silencioso”


Meu pai amava

A amada do poeta

Quando nasci

Ele cavou mistérios

Usou critérios

De Neruda

Pra convencer

Sua musa

Que o meu belo nome

Já havia nascido

Uma montanha

Desenhada

Em meu berço

Todos os Josés do mundo



A devolver-me

A pergunta:

E agora?



Agora é tempo de mariposas

A menina escapa viva

Quando já está na boca das raposas

Menina ventania alma espinhada de rosas

Rasgando os véus do aço

Aço Aço Aço - dona das glosas

Segue cortando o inócuo

E as heras venenosas



Meu nome ouro de catedral

Meu nome sacro

De relâmpago e vendaval

Meu nome banido

Pela Coroa Imperial



Um patchwork mineiro dentro de mim:

Odes a Nise e restos do manto

Do Alferes

Orgasmos de Dona Beja

E água memorável

Labirintos de Rosa

Perfume de Diadorim

Um suspiro de Adélia

Um olhar de Drummond

Um dominicano a enviar-me

paz em postais

Dois poetas meninos

Vestidos de pedras e haicais



Milton voz de nuvem

cimento veludo mel

Nunca esqueci

a pedra no meio do caminho



A voz do anjo torto

Sentado na pedra a sussurrar

Os sonhos não envelhecem

“O cuitelinho não gosta

que o botão de rosa caia

ai ai ai”



Nunca esqueci

que a festa acabou pra mim

E também pra José



Meu pai plantou-me em Minas

Sem mar

Sem José

Sem amor

Minha herança:

Sertões

Sonetos

Canções



Nunca foi meu este lugar

Nunca foi minha a minha casa

Estou só e longínqua

Meu nome é uma montanha

Minha sombra uma memória

Plantada naquela esquina



Bárbara Lia

In A FLOR DENTRO DA ÁRVORE

O blog da Bárbara Lia está linkado aí ao lado  direito, ou no:

http://chaparaasborboletas.blogspot.com/