18 de fevereiro de 2013

A POESIA É CERNE A PALAVRA É BÁRBARA


Foto: Kátia Torres Negrisoli


Buda viu a flor no chão e  a colocou na água. 
Esse ato foi de vivificação da flor, da vida, assim nasceu 
o Ikebana que foi levado com o Budismo para o Japão e ali
se transformou em Arte. Uma arte de luz que é um caminho
de busca espiritual. Os samurais antes das batalhas faziam um 
ikebana, no período antigo do Japão só os homens podiam 
fazer Ikebana. 
A FLOR DENTRO DA ÁRVORE de Bárbara Lia é um ikebana 
que se tece e se vivifica com palavras. A palavra é a flor que se fixa 
na árvore para dar vida. 
A vida da poesia é esse escolher dos arranjos, galhos e flores que se usa
numa composição de Ikebana. 
É isso que a poeta Bárbara Lia faz no sentido mais amplo da palavra.
O haikai  do livro é preciso e conciso como em "Dame el ocaso en una copa!"
Velhas estradas bifurcadas/lentas aparições de fantoches/Nas alamedas
do nada. 
É esse Nada que dá sentido a poesia que se explica na escolha dos imagens
que Lia utiliza na sua OFICINA DE SONHOS. 
Essa oficina exprime poemas bem elaborados e bem construídos onde há 
uma essência muito grande de vida, produzida em versos. É o sentimento 
da Poeta que se aflora dentro do lugar-vida em que se insere. Esse contexto
é a matéria-prima deste livro onde os poemas tocam o Sutil como flor dentro 
da árvore.
Lia sabe muito bem o que diz e a que veio, sua poesia é profunda, de leituras
e experiências de quem sabe compor a obra que a arte é. É claro minha cara 
Poeta é esse "Toquei seu berço silencioso" onde seu pai a plantou em Minas
sem Mar. É José e  os agoras, é Adélia Prado, é Drummond, é Milton Nascimento
cantando Caçador de Mim, são os orgasmos de Dona Beja de minha terra
Araxá, É Guimarães Rosa, é a pedra no meio do caminho para quebra-la e 
desmaterializa-la. É a poesia , sua poesia que bate e inquieta o leitor que tem
seu belo livro feito por uma artista de luz, que entende o valor de um livro-objeto
de arte.
Sua sombra é uma memória plantada na esquina da palavra Emoção que é 
pura Poesia. Por isso é válido e uma satisfação ler e conhecer este livro
de Bárbara Lia que pode ser adquirido no seu blog:

http://chaparaasborboletas.blogspot.com.br/

A fortuna crítica do livro é de Sidnei Schneider.
Capa: Foto do quarto de Emily Dickison - Homestead.
Livro artesanal feito pela autora Bárbara Lia. 

3 comentários:

Bárbara Lia disse...

Cássio, um vento de poesia cada momento deste texto, obrigada! Coisa mais linda! Abraços com leveza de Ikebanas e poesia, sempre, sempre... Bjs.

Robson disse...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Girar e transformar numa estação...

Pra mim, escrever em si, já é feito.
Uma criança ausente de pais, de país.
Todos queriam me dar fraqueza.
As paredes só me davam segurança no escondido.
Estar no bar é um abandono de qualquer outra ligação, era quando o ator em mim mandou mais bem, uma humildade, receber o freguês de qualquer parte. Beber com ele até ele não querer mais.
Muito parecido com, vamos ver quem fica mais tempo embaixo d`literatura?
Sim, é água!
Eu não tenho medo de terminar em A.
Uma cidade preto no branco, te transformo Brasília!
Eu falo.
Para rasgos cicatrizáveis.
Não poder trocar de cidade assim como troca-se de brinquedo, estes pés são raízes móveis, porquê não significa polvo, e tinta pra fuga?
Já que não posso ir para um lugar mais humano, vou instalar o humano nas minhas voltas...
Vamos ver se os nossos não ficaram neuróticos?
Se visitarmos todos os nossos sempre será que estaríamos garantindo mais descendentes mais humanos?
Vai desloucando as vírgulas conforme sua necessidade!

Isaias de Faria disse...

A Bárbara com sua poesia nos completa. E sua poesia, Cássio, nos brinda.