17 de dezembro de 2007

Para o vovô Lau


Foram renegados
Jogados no navio
Feito animais
Sempre injustiçados
Sempre marginalizados
Ah! Quão grande é nossa evolução!
Se ainda
Cometemos este Apartheid
No mar venenoso
Da mente
Que julga a pele
Essa pele
Que clama direito
De existir
De “ser humano”
De ser cidadão
Já chega! Chega de escravidão!
E imagino
Zumbi trazendo a consciência
De que o mundo tem sangue negro
Para clarear
E queimar
A ignorância do racismo
Brasil não seja vil
Seja apenas negro
Como todos nós somos



Cássio Amaral
29/10/03



(Meu avô Laudelino Dias da Cunha, pai da minha mãe era negro. Fiz este poema pra ele na faculdade, sem mexer. Na verdade pensei num Rap, mas ninguém musicou. Ele morreu quando eu tinha dois meses de idade em 1973. Uma menina da minha sala a Mariana o aproveito num trabalho na época da faculdade). Muito obrigado meu avô pela minha vida. Obrigado aos meus outros antepassados também. Sem eles eu não estaria aqui hoje. Vovô Lau era negro, como é negro todo o Brasil). Ele casou com a minha avó que é branquinha e descendente de italianos, deu uma mistura muito boa.

7 comentários:

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Sim, Cássio, o que as almas precisam é de liberdade, amor e luz: libertar-se dos grilhões do preconceito, do egoísmo e da ignorância, para que a poesia de viver possa imperar neste mundo (tão maravilhoso e tão maltratado). Abraços alados, amigo.

Anônimo disse...

Esse poema clama por ORALIDADE! Quando vc vier pra cá, traz, e a gente lê lá na Mercearia São Pedro!

Beijo!

Anônimo disse...

Que bela homenagem Cássio, os avós sempre deixam lembranças fortes... Biejoss

Eduardo Ribeiro disse...

Belos escritos, meu irmão. E aproveitando a data que está por vir
"and so this is christmas, for black and for white..." Belo tema.

Muita luz e paz no seu caminho, no nosso caminho, que é o mesmo.

Abraços.

Anônimo disse...

Lembranças baos são fundamentais.Bel homenagem,cassio.A vida é uma grande colcha de lembranças,fatos,emoçoes,historias para see contada sempre .Feliz Natal e boa s festas.Abração.TRISY
http:tristan.isolda.zip.net

Walmir disse...

Estas fagulhas de racismo vivem explodindo por todo lado. Viu o comentário de um governador da meia lua boli8viana? Ele disse: que nós fiquemos independentes e que o Evo Morales fique com a sua indiada.
É o longo combate dentro da alma humana, meu amigo.
Paz e bem
do seu leitor Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net

Fabrício Brandão disse...

Sentimentos incisivos, meu caro. De fato, não há fronteiras para a liberdade verdadeira.

Grande abraço!