17 de dezembro de 2008

DOSSIÊ L. RAFAEL NOLLI.


Lucas Rafael Nolli (L. Rafael Nolli)

Coquetel Molotov na mão e muita leitura. Links com outras artes,
cinema, literatura , música e teatro.
Sabe de música e sabe o que é Sinfonia para guitarra, fuzil e baioneta.
Poeta no cinema mudo de um mundo particular.
Um dos caras mas sacados e iluminados que conheci.
Sem frescura, alma ampla e inteligência fulminante.
Sua poesia mescla Drummond e Marx, mas há nela ainda uma
vontade voraz e Revolução. Potencialismo. Há nela também uma bomba
no coração de um desejo de mudanças. Há um grito, um arrepio
e continuidade. L. Rafael Nolli é um poeta batera, duas baquetas,
uma bateria de silogismos, metáforas, de construção bem feita,
de artilharia pesada na verve do texto.

Fiquem aí com alguns poemas de L. Rafael Nolli


Poema

A um toque das mãos ter as pessoas,
poder ver na vida delas nossa vida continuada.
Pioneiras que antes de todos foram ao fundo
e dele regressaram como avisos, precauções.

A um toque das mãos ter as pessoas,
ser feliz com elas enquanto transitam-
estentendo a fronteira de nossa alegria
às ruas onde não eram aceitos os nossos passos.

A um toque , para o bem ou para o mal -
ter algo quebrado quando se embrutecem,
se ferido quando se atracam,
quando se estilhaçam, ter algo partido.

A um toque das mãos ter as pessoas,
poder viver nelas o que não nos foi possíve -
em seus pulmões o ar que nos foi recusado.
Seus sonhos e os nossos em uma mesma sala.

A um toque das mãos ter as pessoas,
ver nossa vida em suas vidas continuada.

Poema tungado do seu blog.
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X

12/04/04

fazíamos amor no 235
enquanto J. G. Pereira lançava , triunfante,
seu cinto na viga sobre sua cabeça...
onde em instantes estaria gangorrando pelo pescoço.

(O rádio desligado emudecia seu canto fúnebre
com uma responsabilidade lastimável -
nós gozávamos no 235, alheio a valsa
de seus pés sem chão)

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XXXIX
24/01/04

Como pode ser bom esse nosso espetáculo que se inicia com um
abrir de pernas e termina com um baixar de caixão?

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XXII

29/08/03

Funerais para a Poesia, viva! Enterro em caixão vazio.
"O corpo se perdeu na correnteza", dizem os homens do resgate.
"O corpo? Destroçou na explosão", afirmam os peritos policiais.

O povo:

_ O pouco juízo do concreto lhe baratinou as idéias.

_ Ter nascido lhe estragou a vida...

Funerais para a Poesia viva! Cemitério vazio, epitáfio em branco.
A poesia morta não se cravou no mármore frio de sua própria lápide -
nem, nas estrelas, foi descansar em paz. Ela atormenta-se no limbo escuro.
(A utopia celeste, atômica, a massa de hidrogênio a nauseava. ) Cemitério
vazio: sem um único sussurro de um orador.
Um dia ela bate em nossa janela e diz: "Voltei". Daremos
ela por assombração barata, e zás: lá vai ela de novo erguer seu
vôo de Ícaro e quedar como Ismália.
Pronto, lá vai ela!


Poemas do livro Memórias à beira de um estopim


O blog do L. Rafael Nolli está aí ao lado, ou no:

http://rafaelnolli.blogspot.com









3 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Muito feliz em encontrar meus poemas por aqui - sobretudo pelas palavras sobre a minha pessoa! Valeu demais, Cássio!

Anônimo disse...

Cássio, vim te desejar um Ano Novo cheio das pequenas e grandes maravilhas a que todos temos direito...e encontrei estes poemas do Rafael Nolli, para mim um mestre nas artes poéticas e revolucionárias..assim como o Ricardo Wagner é mestre na arte da transgressão por emoções/atos/palavras. Um beijo, poeta zen...muita paz e muita luz , sempre!!!

flaviooffer disse...

Nolli,
consciência e consistência em versos revolucionários!