21 de abril de 2024

A lua cheia nos pega em cheio

 

 

Ela ri escancaradamente

Um riso irônico e sarcástico

Diante de nossa ignorância

Uma ironia do nosso atraso

 

Ela ri um sorriso

Embevecido no sorriso de Hilda Hilst

Transcende tempo, espaço e vida

Faz mudanças  e muda marés

Ela mãe da noite nos influencia

 

A lua cheia nos pega em cheio

A lua transcende emoções

Que o arrepio capta

Sensações do próprio mistério


20 de abril de 2024

Exercício para a lua que cresce


 Há um mistério na lua

Ela cresce e ninguém vê

Ela avança e ilumina sem ser notada

Ela acende a chama na madrugada

 

Ela ainda insiste em acalentar o caldeirão

A direcionar a magia

A mudar as marés

A endoidar a cabeça dos poetas

E a resgatar os poemas perdidos

 

Lua, lua, lua! Meu uivo é seu

Nesse mundo ignóbil e selvagem

Lua, lua mãe da noite o meu uivo é seu

No meu instante de poesia.

 

Cássio Amaral.

20/04/2024

 

19 de abril de 2024

No dia do índio um poema para a lua que cresce


 


Foto: Cássio Amaral. 


A lua cresce distraída

Baudelaire num absinto suspira

Há sempre um ponto na noite

Há sempre a alma em vulcão

 

A lua cresce absorta

Nuvens formam um buquê

Claras como algodão

Formam um dragão

 

A lua cresce indiferente

À  guerra da Ucrânia, ou na faixa de Gaza

Ou o ataque do Irã à Israel

Ela cresce como o uivo que pretendo dar

No poema que escrevo.

Cássio Amaral.

19/01/2024


17 de abril de 2024

 há um poema que me sustente

nesse jogo de vai e vem
nessa vida rápida líquida
nesse somar de notas
no digitar dos diários
entre papéis tão cansativos que
um sistema falido cobra
há um poema que me sustente
feito um vento que me leve
ao encontro que me traz sempre a felicidade
de alguém que amo ou de minha filha
há um poema que me sustente
do reencontro do meu eu comigo mesmo
para o renascimento do meu ser
na poesia que insiste em clarear
minha alma.
Cássio Amaral.
17-04-2023

14 de abril de 2024

No domingo

 

I

ali no sol

domingo sorri

distraído.

 

II

tarde de domingo

dave matthews band

stay or leave

 

III

tarde de domingo

nuvens entre o sol

tudo tranquilo

 

IV

ainda sol

entre nuvens

domingo de tarde calma

 

V

cinco letras

ampliam o domingo:

calma

 

Cássio Amaral

14/04/2024

 

11 de abril de 2024

Aleatórios depois da chuva que acalmam a noite

 

I

escrevo no sol

um ideograma, um  candi

de luz


II

o poema rema

aleatoriamente insiste 

poema lema 


III

três versos sempre 

me pegam em cheio

na lua ou no sol


IV

depois da chuva

tudo calmo

durma tranquilo


V

a noite mãe da poesia

insiste na inspiração

que o dia não pode respirar


VI

entre sol e lua

estrelas me pegam

flor e estilo apanham o agora. 


VII

samurai de mim mesmo

preparo o ikebana

para entrar na batalha do poema.


VIII 

oito palavras dizem 

surpresa no caminho

graça na chegada.


IX

nove vezes nove

o número  que me assinala

pede mais poesia. 







2 de abril de 2024

Chuva de terça à noite

 




I

 

chuva fina
sono 
tranquilo

 

II 


do céu alimento do sono
pingos alimentam
a noite que esvai. 

 

III

 

alinhavar a chuva
e escrever líquida
a vida  passa.

 

IV

 

nenhum haikai
defende a chuva
da mansidão

 

V

 

cinco passos 
a chuva cai 
distraidamente na noite

 

VI

 

silêncio zen
chuva fina sempre 
reza na amplidão

 

VII

 

alimento o sono
de sonho

 depois da chuva fina.