INSIPIÊNCIA
Para o mendigo que escrevia uma poesia em janeiro no Rio de Janeiro
A contra mão do dia certo é a tarde que urra
Tempo inútil e inexistente
Rasgo do infinito camuflado de pilhérias
Passamos todos passantes da última hora
Cinza no sangue da humanidade
Passamos todos como filmes felizes ou escatológicos
Grito do óleo que fica no asfalto
Num átimo tudo se reduz, como num umbral
Elementos de capas carnívoras pulsantes
Passamos perto da Caixa Econômica
O mendigo tem bosta presa ao cu
Dorme na pilastra, mas tem uma caneta
O mendigo tem um brilho diferente no olhar
Que Nietzsche chamaria de “temor do instinto que poderia
conhecer a verdade”
O mendigo é magro,mas resiste e insiste
O mendigo caga na pilastra cogumelos dionisíacos
embalados com pasta de quixote na veia de homens que quebram a dicotomia da certeza
O mendigo não precisa de panótico como disse Michel Foucault
O mendigo tem um pau calejado de dizeres raros
no brincar de imagens fantasiosas
O mendigo dorme debaixo da pilastra mas não se vende a mesmice
O mendigo é um filósofo que Sartre poderia conhecer
O mendigo não se vende, não é comprável
O mendigo come os restos da chamada classe dominante
O mendigo vê as estrelas gritarem furacões e canções
O mendigo é um homem sábio que entende o universo
O mendigo caga poesia com cheiro de imprecação e guerrilha
O mendigo tem uma caneta apenas
Uma caneta que o define como um bárbaro, um artilheiro
A exposição dos móbiles de Alexander Calder está ali no Paço Imperial
E o mendigo sorri feito um menino maroto com uma caneta
O papel é o navio que ele transborda em fígado no mar revolto
O mendigo sabe que o tempo não existe e que a poesia é o farelo
que suplanta os covardes num átimo chamado vida.
Cássio Amaral
20/11/2007.
Para o mendigo que escrevia uma poesia em janeiro no Rio de Janeiro
A contra mão do dia certo é a tarde que urra
Tempo inútil e inexistente
Rasgo do infinito camuflado de pilhérias
Passamos todos passantes da última hora
Cinza no sangue da humanidade
Passamos todos como filmes felizes ou escatológicos
Grito do óleo que fica no asfalto
Num átimo tudo se reduz, como num umbral
Elementos de capas carnívoras pulsantes
Passamos perto da Caixa Econômica
O mendigo tem bosta presa ao cu
Dorme na pilastra, mas tem uma caneta
O mendigo tem um brilho diferente no olhar
Que Nietzsche chamaria de “temor do instinto que poderia
conhecer a verdade”
O mendigo é magro,mas resiste e insiste
O mendigo caga na pilastra cogumelos dionisíacos
embalados com pasta de quixote na veia de homens que quebram a dicotomia da certeza
O mendigo não precisa de panótico como disse Michel Foucault
O mendigo tem um pau calejado de dizeres raros
no brincar de imagens fantasiosas
O mendigo dorme debaixo da pilastra mas não se vende a mesmice
O mendigo é um filósofo que Sartre poderia conhecer
O mendigo não se vende, não é comprável
O mendigo come os restos da chamada classe dominante
O mendigo vê as estrelas gritarem furacões e canções
O mendigo é um homem sábio que entende o universo
O mendigo caga poesia com cheiro de imprecação e guerrilha
O mendigo tem uma caneta apenas
Uma caneta que o define como um bárbaro, um artilheiro
A exposição dos móbiles de Alexander Calder está ali no Paço Imperial
E o mendigo sorri feito um menino maroto com uma caneta
O papel é o navio que ele transborda em fígado no mar revolto
O mendigo sabe que o tempo não existe e que a poesia é o farelo
que suplanta os covardes num átimo chamado vida.
Cássio Amaral
20/11/2007.
10 comentários:
O prazer de ser o primeiro a comentar sobre está poesia é a mesma do mendigo, do sorriso mindigo a ser felicitado pelo prato de comida estragada. Um soco no estômago.
Abraços
rogério
Sim, muitas vezes as reflexões mais perturbadoras e profundas acontecem a partir dos "restos" em de-composição... Abraços, Cássio.
oi Cássio, conheci aqui uma moradora de rua poeta - eles acordam a gente de um sono meio besta...
bela poesia!
um beijo
É deitado nas calçados que posso perceber a profundidade daquele colchonete sujo e roto, a importância que tinha aquele velho corta febre e principalmente, como aquela caneta Bic faz de nós todos iguais. Reflexões e preocupações andam juntas (ou não), mas a verdade é que nunca chegamos a lugar nenhum porque estamos presos dentro de nossa própria insanidade, e isso é que me faz feliz! Grande abraço!
"Grito de óleo que fica no asfalto": um ótimo verso para um poema forte, e que tem outros versos surpreendentes (num deles, a referência a Sartre, por exemplo). De resto, disponibilizo para os amigos e conhecidos o emeio do próprio blogue: balaio86@oi.com.br /Um abraço/.
Já vi este mendigo aqui por Copa. Vc captou bem o espírito dele.
Bom, rapaz!
abs
Jardineiros
Grata pela "Ikebana", elas são delicadas, belas e sutis.
E por aqui sempre aquele sopro quente por trás de uma dignidade gritada (uivada).
Beijos, querido.
Bonito post, rapaz. Belo poema.
Imagens e misturas do "primal e do pênis sujo" como aconselha o bom Manuel de Barros.
Paz e bom humor
http://walmir.carvalho.zip.net
Pois é, meu caro, temos o velho costume de dizer que a nossa dor é sempre maior que a dos outros.
Forte abraço pelo poema visceral!
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