10 de setembro de 2008
NÃO OUVIRAM NADA DO IPIRANGA
Verdes, azuis, amarelos e brancos
tecidos e mais tecidos são despojados pelos navios mercantes.
Ouro, prata e diamantes foi a troca perfeita para os novos consumidores da América.
Clima tropical combina bem com os casacos de peles usados na França
e toda sorte de quinquilharias inúteis invadem o solo agora pisado por colonos, jesuítas e
Joaquins Manueis filhos de Senhoras Putas.
Vida longa ao Rei!
E a nobreza desfila por cima
de carne humana.
Três africanos em troca de mais um pedaço de terra ou
por bem menos que isso...
Os sinais tocam e as mocinhas correm
para rezarem a missa.
Enquanto isso o padre termina de almoçar o novo coroinha.
_Toc toc!
_Quem é?
_Seu novo Eu!
_Pode entrar, só estou experimentando minha nova máscara.
Os carros passeiam pela madrugada.
Lá vem Eles, corram!
E os tiros silenciam toda manifestação dos chamados livres-expressadores.
De fundo um hino expressa tudo aquilo que nunca existiu...
E não Ouviram nada no Ipiranga,
só silêncio misturado com sangue dos insetos.
_Toc, toc!
_Quem é?
_Sou eu, só queria desejar uma boa noite!
_Boa noite!
Enquanto isso o presidente não faz a barba
E mesmo assim fica bem distante do perfil de Marx
A foice e o martelo duelam entre si
E as novelas terminam com um final feliz
Pão de queijo, rapadura e vatapá
E os coronéis ainda estão no controle
Salve a Grécia porque ela não tem nada a ver com isso
E eles continuam vendendo suas almas.
Eu tenho um amigo que tem fobia de gato
E ele não também não tem nada a ver com isso
Isso não é um poema
Pois poetas foram
chacinados
Pela industria Cultural.
Isso não é um grito
Estamos mudos demais para isso.
Isso é apenas o relato de alguém que não ouviu nada do Ipiranga.
Lisa Alves - Notícias do Mundo Tupi-Guarani - Janeiro/2006.
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Lisa Alves
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6 comentários:
na ponta da língua
líria porto
saí do armário
admito
amo a palavra
e com ela mantenho
relações íntimas
*
Grata pelo compartilhar das palavras
Grata pelo grito, pelo riso e pelo choro
Adorei falar de Drummond contigo
O Poeta sente...
Somos macacos ironicos
Realmente nao "Ouvimos nada do Ipiranga", somente uma incucação romantizada do "País das Maravilhas"...
Abraços poéticos!
adorei, apelo e história, realmente é a sua cara!
bjosss...
somos sempre macacos
e, às vezes, nos esquecemos
das palavras. menos tu.
um grande abraço
jorge
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