Tudo ficou Van Gogh
"Engoli um chip ontem. Danei-me a falar sobre o sistema
que me cerca. Havia um eletrodo em minha testa, não
sei se engoli o eletrodo também junto com o chip. Os
cavalos estavam galopando. Menos o cavalo-marinho que
nadava no aquário.
Ele tem um problema mental. Será que tem alguma
seqüela? No fundo desse meu mundo, lá no quarto escu-
recido por doses de Litrisan, veio psiquiatra e baio-
netou uma química na minha celha esquerda. Enquanto
outro puxava a minha banha, eticando e esticando para
que não sentisse a injeção de Benzentacil.
Benzenta.
Benzenta.
Uma dor imensa na bunda. Tudo girando ao meu re-
dor e eu girando também. Tiro uma meleca e coloco na
mesa do canto, bem longe da escuridão do quarto. A es-
curidão é asséptica. Só o pessoal de branco pode freqüen-
tar aquela linha impura. Seguram-me de novo. Recebo
o beijo de minha mãe. Deve ser dia de visita. Acordo e
como uma lasca de goiabada com o sanduíche de atum
que mamãe trouxe pra mim. Escuto uma música tão alta
que não encontro nos meus pensamentos e estou fora, agora
a cocaína não vai chegar. A conexão foi interrompida.
Mamãe mal chega, mal vai.
Ele continua achando que engoli um chipe.
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Onde estou todos os cachorros são azuis. Deram-
me um terceiro óculos, terceiro olho. Terceira orelha. Um
terceiro braço. Terceira perna. Uma terceira mão. Tudo
três. Depois, mais dois pênis. Mais dois narizes. Mais um
pé. Mais dois estômagos. Minha terceira vida.
Um terço para rezar.
Tive que me acostumar à nova vida e o pior: ainda
não virei um monstro por isso.
Ainda sou o garoto do cachorro azul. Um azul enor-
me refletido agora no olho do garoto que achou no lixo
o meu cachorro azul."
RODRIGO DE SOUZA LEÃO.
Digão passou pro mundo espiritual. Hoje fazem quatro meses
sem ele, há em mim uma saudade que é algo indescritível.
A medida que digito esses trechos de seu livro não aguento
e choro. Hoje de manhã fiz o culto de elevação espiritual aos
ancestrais pra ele no JOHREI CENTER.
Silvana Guimarães, José Aloise Bahia, eu e muitos que o amavam
e o amam torcemos que o seu livro Todos os cachorros são azuis
ganhe o prêmio TELECON PORTUGAL, ou fique entre os dez.
O livro já foi classificado entre os 50.
DIGÃO MANO VÉIO TE AMO DE ONDE VOCÊ ESTIVER NAS OUTRAS
ESFERAS.
BRAÇOS E FORÇA SEMPRE
3 comentários:
poesia sincera, límpida por vezes, coloca sentimentos densos e não pra fora com poesia. como adquirir um livro dele, amigo cássio.
Por isso eu torço muito!
Todos os cachorros são azuis.
Somos cegos e o azul deles nos é tão estranho.
Abraços
Maeles
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