...(MANIFESTO QUALQUEIRISTA : artigo um) Quero qualquer coisa
qualquer nota, qualquer dia, e odeio aveia Quaker. Desejo o que respiro.
Respiro o que desejo. Cada é livre e pode dizer-se poeta da forma como
quiser e se expressar como quiser, e a palavra poetastro será banida do
dicionário. Todo poeta é um bom poeta, e Jesus Cristo que ia julgar os vivos
e os mortos ainda não apareceu para me coroar com uma flor carnívora.
Além do fim do poço há uma possibilidade de haver uma areia movediça
no quintal de sua depressão.Por isso tuo pode piorar. Para que o qualquei-
rismo seja implantado é forçosamente necessário que os dez primeiros
inscritos no movimento façam um antologia poética com Os Cem Piores
Versos dos Cem melhores Poetas de Todos os Tempos. Assim veremos
que ainda somos piores do que os piores dos melhores.
Tô cansado de escrever, e como ninguém vai ler:
lâmina na goela estéril da minha criatividade toda lux luxuosa e rubra
ruboriza aquele horizonte onde dante e algum demônio se dilacera
numa verdade e alguma turbina de um avião cadaveriza o aerador fênix
mordendo jorge de lima revirando na cova por ter citado o seu nome
nesta nova trova embolada onde ponho todo o meu coração apodrecido
por fezes e cactos e sêmen-lhantes que abominam alguns trocadalhos
mesmo assim que sabe me invento inventando um vento que turbine
a alma daquela vela próspera em ignecer minha designação
Em vez de enrolar, prefiro copiar e colar:
(marfim tristeza onde derruam a profusão de ideias tolas que circun-
dam o que todos esperam é que o ser seja o que todos são e iguais
seremos animais também. Derrubem uma vaca e a defequem quan-
do gozarem. Os pássaros foram feitos para morrer voando)...
Do livro "me roubaram uns dias contados"
De Rodrigo de Souza Leão.
Editora RECORD
RIO DE JANEIRO - SÃO PAULO
2010.
Moro com minha esposa aqui em Barra Velha, litoral de
Santa Catarina. Fui comprar o livro do Digão no Shopping
em Joinville que é próximo daqui. Cheguei na livraria
e pedi para a moça o seu livro. Ela consultou o sistema
e disse que só tinha um exemplar na loja.
Foi a prateleira e o procurou, procurou...
Custou a encontra-lo. Quando ela me entregou o
livro não aguentei e me emocionei. Chorei.
Rodrigo era meu amigo, meu camarada, meu irmão.
Nos falavamos muito pelo msn. Ele fez a apresentação
do meu livro Sonnen. E antes de seu falecimento eu tinha
planos de voltar ao Rio para reve-lo. Dar umas
risadas com ele. Mas a vida é assim. A vida
está na morte e a morte está na vida.
Não existe morte! Digão permanece na
literatura que ele fez, seja em
Romance ou na Poesia. Digão fica.
Eu, Ricardo Wagner e Rafael Nolli o
entrevistamos no Rio em Janeiro de 2007,
nunca vou esquecer aquela tarde de lero - lero
com o amigo Digão.
A entrevista publiquei em 2007, mas a repeti
no post acima porque hoje Rodrigo faria 45 anos
de vida.
Saudade sua mano véi, brô aquele abração
aí nas outras esferas.
Um comentário:
Saudades do Rodrigo... Tenho lido muito Rodrigo ultimamente. Vou reler a entrevista acima com muita calma. Abraço, Nydia
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