UM POEMA DA MINHA ESPOSA MAELES GEISLER:
Embrião
Barriga rígida, espaço preenchido. Não há lugar para mais nada. Sinto-me
agressiva na espera. A voz que tanto importuna desaparecerá. Feto
pronto, humano desenhado com meus anseios. sei que me amarás. Lá fora
nada importa, não fede, não cheira. O tempo congela e inexiste. O joelho
aos poucos cicatriza, joguei fora os espinhos só restaram os gravetos. O
quarto está avisado para não lhe assustar. Dos dias presa ao berço, a
música de seu choro alimentará meu zelo.
Cobertor de lã e chá. Mavioso seu toque o corpo acolhe sem gretas.
Leito de solo quente embebido no vinho. Ver seu contorno de luz e colher
espaços. Voz rouca, força esgotada tingido de vermelho completa
infanta. Direi seu nome apenas aos anjos de Deus e ao seu filho amado:
que importa? Ficará sem nome. Para mim você é verbo. Filho do verbo.
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