... "Durante seu último período de doença, susteve com eles e com seus discípulos
conversas constantes sobre religião, poesia e filosofia. Depois de morto,
enterraram seu corpo no jardim do templo Yoshinaka-Dera, às margens
do tranquilo lago Biwa. "Mas onde está o túmulo do divino Bashô? Aqui:
uma simples estela, uma pedra que acaricia as sombras ligeiras de uma
bananeira", escreve Steinilber-Oberlin. Seus discípulos pediram ao mestre,
perto da hora da partida, que escrevesse seu " poema de morte" mas este
se negou, pensando talvez que o hai-kai da rã podia resumir sua experiência
poética. No entanto, no dia seguinte, admitiu que tinha tido um sonho e
escreveu:
No caminho, a febre:
e por meus sonhos, planura seca,
vou errante
Conta-se que depois quis corrigi-lo mas, arrependido, disse:
"Não o modificarei. Isto seria ainda vaidade e apego ao mundo,
apesar do muito que amei a vida e a arte"
Sobre o tanque morto
um ruído de rã
submergindo
Relâmpago
e na sombra
o ruído vibrante da garça
Sopra o vento do inverno:
os olhos do gato
pestanejam
Cebola branca
recém lavada:
impressão de frio
Galho morto
e, nele pousado, um corvo
tarde de outono
O crepúsculo:
ervas que seguem o rastro
dos rebanhos retornando.
Até uma choça com teto de palhas
neste mundo louco se transforma
em casa de bonecas
Matsuo Bashô
O livro dos HAI-KAIS
Prefácio de OCTAVIO PAZ
TRADUÇÃO DE OLGA SAVARY/
DESENHOS DE MANABU MABE
ALIANÇA CULTURAL BRASIL - JAPÃO/
MASSAO OHNO EDITORES
1ª Edição 1980
2ª Edição 1987
conversas constantes sobre religião, poesia e filosofia. Depois de morto,
enterraram seu corpo no jardim do templo Yoshinaka-Dera, às margens
do tranquilo lago Biwa. "Mas onde está o túmulo do divino Bashô? Aqui:
uma simples estela, uma pedra que acaricia as sombras ligeiras de uma
bananeira", escreve Steinilber-Oberlin. Seus discípulos pediram ao mestre,
perto da hora da partida, que escrevesse seu " poema de morte" mas este
se negou, pensando talvez que o hai-kai da rã podia resumir sua experiência
poética. No entanto, no dia seguinte, admitiu que tinha tido um sonho e
escreveu:
No caminho, a febre:
e por meus sonhos, planura seca,
vou errante
Conta-se que depois quis corrigi-lo mas, arrependido, disse:
"Não o modificarei. Isto seria ainda vaidade e apego ao mundo,
apesar do muito que amei a vida e a arte"
Sobre o tanque morto
um ruído de rã
submergindo
Relâmpago
e na sombra
o ruído vibrante da garça
Sopra o vento do inverno:
os olhos do gato
pestanejam
Cebola branca
recém lavada:
impressão de frio
Galho morto
e, nele pousado, um corvo
tarde de outono
O crepúsculo:
ervas que seguem o rastro
dos rebanhos retornando.
Até uma choça com teto de palhas
neste mundo louco se transforma
em casa de bonecas
Matsuo Bashô
O livro dos HAI-KAIS
Prefácio de OCTAVIO PAZ
TRADUÇÃO DE OLGA SAVARY/
DESENHOS DE MANABU MABE
ALIANÇA CULTURAL BRASIL - JAPÃO/
MASSAO OHNO EDITORES
1ª Edição 1980
2ª Edição 1987
4 comentários:
Os peomas do Bashô são de uma "sacada" e uma beleza grandiosas...Beijo Cássio, Feliz 2010 pra vc em TUDO!!!
E corrija a palavra "poema" aí em cima pra mim, please...rss. Outro beijo!
Não o modificarei. Isto seria ainda vaidade e apego ao mundo,
apesar do muito que amei a vida e a arte"
lindo, lindo!!!!!!!!!!
Robson disse...
Sim: Planura seca.
Há vez de Febre.
Não sonho errante.
8:01 PM
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